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CAMPO & CIDADE

Legado de Ary Silveira de Souza

Da redação - Onévio Zabot - 18h08min

Dia desses, antes do combinado, como diria Boldrin nestas ocasiões, Ary Silveira de Souza - ilustre cidadão joinvilense - nos deixou. Ou por outra, partiu. Desígnio de Deus, outras missões. Saber lá. A vida - queiramos ou não -, é um mistério. Dádiva divina. Única certeza: a morte sempre inesperada. Seria inesperada? O Legado de quem parte, essa é outra história. Vivências e convivências neste planeta maravilhoso chamado Terra, legam-nos pegadas de sabedoria.

Homem de comunicação e de imprensa, Ary legou-nos um clássico de sua trajetória, o livro: Memórias de Um Repórter. Embora bancário de carreira – antigo BESC -, ousa mais Ary, contribui decisivamente com a imprensa: locutor, redator. Mensagem positiva. Colaborativa. Afável, de fino trato, atravessou gerações vivenciando fatos marcantes de Joinville e Santa Catarina a partir da década de 1950.

Como atuará no BESC e o mesmo se localizava na Casa Rural, rua Princesa Isabel – centro -, acompanhou de perto a trajetória da extensão rural em Joinville. Antiga ACARESC, hoje Epagri. Gert Schindler, engenheiro agrônomo de saudosa memória abriu o escritório na terra dos príncipes. Governo Fallgatter, 1962., Através do Sérgio, seu filho, também vinculado à imprensa, tomamos conhecimento que nos bons tempos de SEARA - meio oeste catarinense onde iniciou a carreira -, estabeleceu contato com o escritório local da ACARESC. Profícuo trabalho. A lavanca: crédito rural. Concordamos, Ary e eu num ponto: graças a extensão rural Santa Catarina é que é, embora limitada em extensão, um estado exportador de proteína animal e vegetal.

Os tempos são outros, no entanto: as cooperativas - fruto da extensão rural -, assumiram protagonismos. Organização do produto e da produção – economia de escala – o maior deles. O cooperativismo é a essência da agricultura. Alavanca propulsora, certamente.

Esse affair comum, pois começamos na extensão rural em Joinville, 1979, acabou nos aproximando. E cá - entre nós -, através da comunicação. Sempre redigimos textos para jornais locais, caso de A Notícia, Jornal de Joinville, Jornal Extra, Notícias do Dia, Notícia da Vila e também para a Folha de Pirabeiraba e o Jornal do Iririú estes sob a batuta do Ary e do Sérgio, talentoso escudeiro.

Ary acompanhou de perto não apenas o modus operandi urbano da cidade, mas também do setor agrícola. Captava e divulgava informações - preciosas informações -, para a comunidade rural de Joinville. Comunidade essa significativa do ponto de vistas da população envolvida e, sobretudo das produções agropecuárias: pujante no arroz, banana, piscicultura, floricultura e plantas ornamentais, entre outras atividades.

Ambos concordávamos que o espaço rural carece de integração com o urbano, pois a sua vocação vai além de apenas produzir alimentos, a principal; é também ambiente de produção e reservação de água; espaço de lazer (turismo rural) e geração de energia. E proteção do verde. Cerca de 65% da superfície da superfície é coberta de floresta. E, certamente, devemos ao agricultor essa marca, pois sempre tiveram noção exata da importância de preservar os mananciais e a floresta. Resignados jardineiros da natureza. Nisso também concordávamos, embora os agricultores não fossem reconhecidos por isso. O pagamento por serviços, uma das alternativas, avança a passos de tartaruga.

No livro Memória de um Repórter, Ary refere-se uma cobertura da imprensa. Deu o que falar. Inauguração da termoelétrica no rio Piraí, famosa usina Wittich Freitag(1959) na, hoje, rodovia do arroz. Ary transmitia a solenidade ao vivo. Governador Celso Ramos e o prefeito Helmut Fallgatter presentes. Palco lotado. A Rádio Difusora inesperadamente saiu do ar. Não percebendo o fato o repórter continua mandando o verbo. Perceberam tarde: um fio do amplificador se soltará. Retornando à emissora Mário Hüttl dá a notícia nada lisonjeira, apenas a parte inicial da solenidade fora ao ar.

Ary tinha um livro no prelo que complementa o primeiro, tentou publicá-lo, mas não conseguiu em vida. Certamente, teremos que fazer um mutirão para ediatá-lo, pois traz fatos relevantes da história de Joinville, especialmente do dia a dia coberto por um repórter, perspicaz e com trânsito livre em todas as alas políticas. Ary, não entrava em bola dividida, daí o enorme carinho que granjeou da comunidade joinvilense, inclusive no Lyons Clube onde contribuía com causas sociais. E na Rádio Comunitária da zona leste, ali sentia-se em casa. Memoráveis entrevistas e informes.

Certamente, personalidade do porte de Ary Silveira de Souza, engrandece a todos. O privilégio de ter privado de sua amizade, muito nos orgulha. Fizemos questão que prefaciasse o livro: Redescobrindo o Campo (2017), o que fez com maestria.

Sérgio, herda o legado, o tirocínio do pai - sabemos disso. Família unida, permanece unida. Coragem sabemos que não lhe falta; menos ainda talento e inspiração, pois tem o norte iluminado: Ary – vibrante homem de comunicação e pregador do bem –, lá do alto torcendo por ti, e por Joinville - terra abençoada. Gratidão, mestre Ary.


Joinville, 13 de maio de 2023

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